sábado, 7 de dezembro de 2024

INVÉS

Acordei sozinho,
como sozinho me deitara.
E cansado após
a madrugada povoada.

No domínio do sonho
há multidões.
Cada rosto que vejo
é uma minha inclinação.

Ali sou capaz de tudo,
e nada foge ao meu olhar.
Estarrecido me censuro,
surpreso me congratulo.

Como poderei, ao acordar,
ser novamente uno?
Sob a capa do dia,
conformado aos olhares.

Mas a alma irradia 
tudo quanto lhe arde.
Não estou falto,
estou guardado.

E fica adiado o tesouro
para o tempo em que me abro

e sou-me ao invés de outro.

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