segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

CIDADE DA BAHIA

Para Cris Azevedo e Marina Lago


Largo da Mariquita,
tão distante do estreito de Bering.
"I can not bare to be away from Brazil"
pelo tempo sendo.

(Será que me estão entendendo?)

Um tempo para o inglês, o espanhol.
o francês.
Do português de que já padeço
quero aprender brasileiro.

Decompô-lo em baiano, sergipano,
alagoano, pernambucano, paraibano, potiguar.
Cearense, piauiense, maranhense,
todas províncias do quente há-mar.

Salvador foi meu abre-alas,
como fora o do Brasil.
Um sotaque capital,
que é um capital de um povo gentil.

Rio Vermelho, o Q.G..
Som na praça,
tapioca,
e com o cravinho eu não quis me meter...

No Bonfim Oxalufã nos fita,
e as fitas são de vária cor.
Como é o Pelourinho,
uma Ouro Preto mais amor.

Tanta cor e tanta igreja,
tanto os séculos nos segredam.
E é tudo tão intenso!
Como os pode haver que não o enxergam?!

"They don't really care about us!",
bradou um preto,
branco, de tão turista!

A reprodução na loja do Olodum
é passada e eterna,
mas futurista.

Só o que aqui não muda
é as terras serem belas
e podres os governantes.

(Eram podres àquele tempo,
e seguem os mesmos de antes).

Mas a vida se impõe,
como se propõe a fé.
Cada uma com uma levada,
e é leve e exaltada a do axé.

Aqui tudo se mistura,
porque as misturas melhoram as raças.
A cidade tem cara de cura,
e a tomarei como uma nova casa.

Agora Salvador tem assento
entre meus deuses lares.
Espero que a devoção que sustento
não tenha sido mais uma miragem.

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