domingo, 4 de dezembro de 2016

O SONHO É POPULAR

" 'O sonho é popular'...Se não me engano é Ferreira Gullar, falando da arquitetura de um Oscar..."

    Eu nunca fui fã velhinho. Digo, nunca tive preferência por aquele momento. Tinha-lhe, sim, simpatia. Gostava de vê-lo falar. Até daquele seu aspecto: os cabelos tão lisos e brancos quanto a peruca de náilon branco de Ray Coniff, o rosto de beleza picassiana e ao mesmo tempo meio indígena. Além de ter-me rendido o encontro artístico mais (insuperavelmente) bizarro possível: Lá estava eu, só, no velho e bom Estação Botafogo, esperando para ver um filme com Deneuve ("Elle s'en va", creio) e a espera me impôs (como esperas sempre impõem...) a necessidade de alívio. Tô lá eu no banheirinho, olhando para a frente, no mictório. De repente assoma um vulto e posta-se ao meu lado. Quando vejo, é o Gullar! Lembro-me de ter pensado: "Caramba! Finalmente me ombreio com um grande poeta!" (ou nem tão grande, que eu ali era mais alto do que ele!).

    Bom, brincadeiras à parte, vai-se um grande. Não para sempre. Fica um grande. Pra sempre! E vai com um beijo meu (como vai com um de vocês!). Vai com Deus, Ferreira! Pra outra São Luís, outro Rio, e outro Brasil, ainda mais elevados! Vai com um grande e terno abraço!

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