terça-feira, 15 de setembro de 2015

O ANTIFUNES

Não fui o primeiro,
mas sou eu que porto seu cheiro,
daqui até não sei quando.

Não mergulharei no seu passado,
nunca me dei com escafandros,
que nem estariam em meu vocabulário ativo
se não fosse pelo Chico.

(não gosto do esporte...)


Mas pra mergulhar fico aflito,
se depende da sorte.
E não é que não tenha conhecido
situações de quase morte.

Mas eu tenho preferido as profundezas
em que a vida não se encobre.
Não me obrigo a saber a história
nem do mundo que habito há bem mais.

(Passados de amor se parecem,
quase nunca originais...)

Então vou do presente ao futuro,
o passado é escuro
e não há tempo a perder.

Se algo pede pesquisa
é algo obscuro,
que quero alijar do meu ser.

Limpo o convés, 
vou à proa,
só me preocupa o que vejo do mastro.

E é o trecho de mar logo à frente,
o que me pede o meu braço.
Não sou Funes, o memorioso,
só Borges podia pensá-lo.

Só registrarei o mais precioso:
o que me acontecer do teu lado.

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