Meu poema é um bilhetinho engarrafado,
lançado ao mar e deixado à deriva;
vai-lhe dentro um grito dobrado,
redobrando a vontade de vida!
Mas a solidão de náufrago é cena,
tenho uma vida assaz frequentada:
toda hora é um amigo que acena,
ou pro profundo, ou pra não dizer nada!
E quem se deixa estar sozinho
é quem de verdade naufraga;
a senda luminosa é o caminho do carinho,
que fazer fita que nada!
Então, no dia dos meus anos,
quero pôr a cara na rua,
e tê-la a iluminar-se, arrebatada,
vendo assomar-se-lhe a tua!
Nenhum comentário:
Postar um comentário