sexta-feira, 19 de julho de 2013

Pessoalmente

Padeço. Tanto estou enamorado da inércia que sofro uma grande exasperação com a menor das transições. Sofro com passar do sono à vigília; da vigília passar ao dia propriamente; com vê-lo toldar-se em tarde e a tarde desabrochar em noite. Ainda que antevendo a absoluta falta de desafios a que cada uma dessas etapas me conduzirá. Ainda sem lamentar que não os haja. Não me sinto fixado aos dias, e parece-me que deslizo sobre a superfície da vida. Só me concilio, âmago e exterior, quando concilio o sono. Talvez por ousar no sonho aquilo a que na luz não me atrevo, talvez porque é só o sonho que produz realidade, ou talvez porque só ao abrigo da consciência suporto o nada a que se reduz a virtualidade da minha cruz. E me doo muito existencialmente para que de fato viva quando pareço agir.

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