quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013
Corrente (O que te pressente fica)
O que tem-te dado o presente
enquanto aguarda o que te pressente?
Nâo te peço mesmo muito:
apenas que me experimentes!
E a outra gente, estorva,
essa quero que nem tente,
insistente na porfia,
aquebrantar nossa corrente.
A nossa corrente,
quem o diz não mente,
é mais forte que a de ferro,
só se faz do que se sente!
Só te peço isto, ó bela:
peço que me experimentes!
quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013
Tolo e não me tolho
Incauto, do alto,
perdi meu coração.
Mui alto e só vivo
debaixo da paixão.
Se busco não acho,
nem há aluvião.
É ouro que a tolos
se dá, a todos, não.
terça-feira, 26 de fevereiro de 2013
Praga de Mãe
Muito ativa, dela se dizia
que pegava mais que praga de mãe!
E praguejava contra a vida,
em que se diluía,
muito quando louca,
pouco quando sã.
E se passavam dias,
os quais não via, e
se esbranquiçava em cãs.
E meses vivia e horas perdia,
ora santas, ora pagãs.
E já nada sabia
do que preferia,
era de todos irmã.
domingo, 24 de fevereiro de 2013
sábado, 23 de fevereiro de 2013
O despronome
Trafico meu coração,
inclemente.
Perde quem compra,
perde o que vende.
Perde quem tende
a o procurar;
perde quem o entende,
por o declarar.
Fechado mistério,
não há o aclarar:
sou bala perdida
em quem me achar!
sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013
Amor em esperanto
Triste destino, de muita dor,
viver sempre a véspera do amor!
Duro caminho, de mau augúrio,
deixá-lo sempre para o futuro!
Não há claros tempos, não há bonança,
em relegá-lo à esperança!
Vive agora o amor, que o tempo tarda!
E que a alegria lhe arda!
De que me adianta soprar este canto?
O amor só sabe falar esperanto!
quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013
Louca
Querer-se a vida do outro
é coisa que me dá calafrios!
É um estranho errar-se afora
desejando-se feitiços!
Cada um que se enfeitice!
Que se enfeite, que
o fogo da vida atice!
No jogo só há campeões,
não se admitem vices!
Chorar-se alto na noite
sem que ninguém a ouvisse
foi o ardil encontrado
pra que em outra se visse.
E vendo-se assim tão outra,
vagando na noite, solta,
convenceu-se sem remédio
de que era mesmo uma louca!
E foi-se, livrando-se...
domingo, 17 de fevereiro de 2013
Gangorra
Do amor só se diz o sincero
dizendo-se o irado ou o terno.
Depende do lado da gangorra:
de um lado ela é jardim,
do outro, masmorra!
sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013
Outro Açoite
No meio da noite o açoite
de uma vontade de ser pleno!
Mas como obtê-lo jungido ao plano terreno?
Quero vivências sem portas,
existir-me em outras órbitas!
Roubar com Rita os anéis de Saturno;
deixar de mim o que houver soturno.
A sorte surge, é saber aproveitá-la!
Que me surja na forma
de passagens compradas!
As férias me trazem as horas vagas,
e é melhor invadi-las do que entorná-las!
O tempo, esse escorre lento;
esculpi-lo, orná-lo, difícil talento!
Derrotados os que não assumem a intenção
de conduzi-lo a prazeres, pegando-lhe a mão!
Despeço-me agora, que já se faz tarde!
E exercito a esperança,
que o fogo me arde!
sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013
Poeira
Sou poeira que gruda a janela
pela face de dentro.
Não adianta querer me alijar,
é inútil tão nobre intento!
Um vampiro não cessa a porfia,
abertas as portas da casa,
é companhia pra vida!
Vampiro em sentido inverso:
a alegria que emana de mim
acha-te sem recesso...
Não sou, portanto, abcesso;
tua tristeza não me extirpa!
Consente em que sempre eu esteja,
far-se-á alegria excessiva!
Deixo-te com este recado:
manda cessar o réquiem
e terás alegria que ninguém
poderia ter provocado!
"...mas nada disso importa,
vou abrir a porta
pra você entrar..."
sábado, 2 de fevereiro de 2013
De-Solado
Vi, numa noite torta,
sair do meu país a moça,
fechando atrás de si a porta.
Faço estandarte da tristeza,
que nem nota!
Nota a mim de despejo;
morto, despojado do desejo,
saio pela rua sem norte,
a ver se me toca a sorte.
A sorte sei que não me socorre;
o azar pode ser que adorne.
O azar de quem erra e não dorme,
aflito da moça calada,
a antes tão desejada.
Deixa-me a alma inflamada;
é a deixa: não há nada!
Assinar:
Postagens (Atom)