sexta-feira, 24 de março de 2023

FRIAGEM

À junção de água e sede
não devia faltar nada.
Mas o leito do rio secou
e a sede já vem saciada.

Vivo com cuidado:
Um bruto delicado,
com medo de se quebrar.

Enquanto poetas cantam a febre,
levo três dias com frio
sonhando a hora de deitar.

Entoo graças a Deus
pela cama, a coberta,
pelo gato ao pé de mim.

Esta hora é tão conforável
que quisera viver assim.
Noite adentro,
dengo do meu próprio calor.

Gymnopedie nº1 tocando em looping,
que o resto o corpo rejeita.
Nem tenho forças pra esta caneta
(quanto mais mexo, menos se ajeita)

Nenhum comentário:

Postar um comentário