sábado, 29 de outubro de 2022

ARCA

Eu escrevo maus versos,
mas preciso.
Então os jogo pro Universo.

E o Universo sabe encaminhar tudo,
até os meus maus versos
pro Gabriel do futuro.

Ou um Gabriel do futuro;
os futuros podem ser tantos,
e eu, por encanto, também.
Então prefiro libertar-me
a tornar-me meu próprio refém.


Adentrar-me.
Descifrar-me com bravura.
Aproveitar o tempo que tenho
do embrião à sepultura.

Escrevo.
Assino embaixo.
E só não canto porque não sei cantar.

Mas vivo o que preciso.
Não tenho medo, nem me dura o pesar.

Vejo.
Me assombro.
Me recolho.
E me reponho.

E noto que atravesso lúcido
esta espécie de sonho.

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