terça-feira, 9 de junho de 2020

MONTURO

Nada me é adequado.
Eu estou ao contrário
de mim e em mim.


Meu guarda-chuva
não me guarda do que evita.
E nem sei de quê.
(Eu não vi).


Já sublimado sou ainda líquido,
e me precipito sem irrigar.
Mesmo desgastado sou quadrado.
Não pareço feito para rolar.


Pareço pedra fundamental
mas não erijo.
Educador mas não me corrijo.
Musical e não faço canção.


Só sou verso porque não sou prosa,
pois que nada em mim se entrosa.
É tudo desarrumação.


Livro que não se edita,
sem encadernação,
essa soltura não é liberdade.
Parece ser apenas gastar-se,
perder-se sem proveito.


E não aproveito o ensejo
pois que não tenho intuito.
Então deixo-me estar entulho
até eu vir-me recolher.

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