quarta-feira, 24 de junho de 2020

AMEM

Para Tom, meu pequeno pugilista.


Minha poesia me confessa para além de mim.
Para aquém.
Para dentro.
Para o magma sob as praias
de idílico portento.


Para a incandescência,
o calor das ideias que antes fossem indecência.
São fusão.
Dão-se a forjas que escapam
à minha predileção.


Mas o fogo não se pode ignorar.
É apenas queimar-se nele
ou só vê-lo crepitar.
Eu não detenho o conhecimento ígneo,
mas para algo se deve prestar.


E não faz mal se as tectônicas
não se tentam ajustar.
As praias cariocas têm mar gélido.
É mistério se me ponho a pensar.
(faço muito...).


Minhas praias são outras.
Ainda que mesmo as urbanas,
minhas praias são paraíba
ou são pernambucanas.

O mar é tépido.
O beijo é verdazul.
O céu me engole inteiro
como jamais fez no sul.


O povo soa tão bonito
que só posso ser contente.
Se dali fui mais pra trás
também posso ser mais à frente.


(O destino às vezes se tece
ao arrepio da gente.)


Então vou pensar no meu filho,
pra sempre o tenho e amar é agora.

E o tesouro que trouxe dentro
eu não vou levar de volta.

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