sexta-feira, 12 de junho de 2020

FLÂMULO

"O céu morria uma morte turquesa"
enquanto me precipitava de paraquedas
sobre sonhos prontos.


Nomes, condições, pontos cardeais.
Tudo que não seria sobrescrito jamais.
Tudo sobre o que não imprimiria minha marca.


Tudo pra que não fosse reino,
pra que não fosse pátio.
Tudo pra que não houvesse recreio,
irretrátil.


Apalpava-me, insubstante.
Imponderável de antes.
Antes que eu fosse.
Antes, portanto, que soubesse.
Antes da evidência de que o que sobe desce.


Projétil, projeto não.
Nada é ordenado pelo toque da minha mão.
Que não sabe afagos e tapas,
Apenas sabe tocar, timorata.


Saber que evolução existe não desenvolve.
Assim como aspiração não modela ou colore.
Formulário sempre à mão,
apenas nunca preenchido.
Por não achar que se pudesse
contratar o destino.


Não assumo as roupas do irmão mais velho,
que não o tive do mesmo gênero.
E nem tento respirar profundo
falto de oxigênio.


Que alimenta as células,
como alimenta as chamas.
E por falta de haver brasão,
vou recolher minha flâmula.

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