sexta-feira, 29 de março de 2019

RECIFE

Sol
Aurora
Ninfas...
Onde ruas e contraste
melhor se denominam?

Recife, tão estranho,
tem muita coisa ímpar.
Não a gente que ostenta longe
ou a de penúria palafita.

Recife traz guardado no cinza
o de que o povo mais se anima.
Recife balouçante,
da carne preta que excita.

Recife é rock n' roll,
e o seria mesmo se seu maracatu
nunca visse as guitarras
dos pretos de Tio Sam.

Recife com tanto ontem
descortina amanhãs!
Recife dos literatos.
Recife suja e perigosa.

Recife encantadora,
tá com tudo e muito prosa!
Tá com tudo e contudo
eu não sou um de aqui.

Mesmo se há nesta terra
o amor mais belo que vivi.
Sem que pra isso precisasse
que minha mãe me legasse Clarice.

Recife, te sou estrangeiro
e porto minha própria esquisitice.
Recife, vou te deixando
sem nunca te deixar na mão.

Esta mão branca que agora acena
amanhã toma o avião.
E te traz de volta uma sede atenta
de a tudo compreender.

Recife, não tem Holanda sem Olinda
que melhor me possa entreter.
E tecer nos refolhos da vontade
a insuperável de te decifrar.

Recife é um trem tão doido
que, oxe!
Nem sei cantar!

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