domingo, 2 de dezembro de 2018

PINTÔ





Para Tom, agora nascido.

Do Maranhão me perguntam,
como a quem tivesse algumas repostas,
como é amor de pai.

Como posso saber em dois dias
se de tanto nada sei em 39 anos?
Talvez eu pudesse dizer
do amor de pai que me tiveram, me têm.

Do que este entretém
posso dizer, senhorita Daniele,
que é uma vasta loucura.
Loucura súbita, sem mais aquela.

Às vezes parece um desespero,
vontade bruta de chorar.
Às vezes uma tépida ternura,
vontade de muito afagar,
de cheirar, envolver.
Às vezes parece que o mundo
é muito feio para o merecer.

Na boca da pediatra uma condição
é inédita palavra que assusta.
Mas quando penso no que lhe empenho
sei que palavras não o derrubam.

Aqui não temos medo de jargão.
Pra cada tecnicalidade sem cor
um tom novo dá-se à invenção.

E com só 24 horas te falo,
com a confiança de quem o aceita:
Era pra isto tanta espaço 
que eu trazia na palheta.


Recife, 10/11/2018. Hospital Vasco Lucena.
Com um imenso beijo para a companheira Daniele Vaz, em Santa Inês, Maranhão.

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