quinta-feira, 21 de dezembro de 2017

OSHO - Amorável (Primeiro Septênio)

Como ajudar uma criança
a crescer sem interferência
em suas potencialidades?
Ajudá-la é maldade!

Criança quer amor,
não ajuda!
Basta regar a planta
que ela se transmuta. 

"Under the name of 'help'
everybody interferes
with everybody else"


Tanto nos ajudam,
jogam-nos tanta tralha,
que o peso sobre os ombros
é o Himalaia!

Não seja tenso!
Seja ameno,
aberto,
terno!

AS crianças são todas tão únicas!
Como, para ajudá-las,
veste-se a mesma túnica?

(túnicas francesas pro Brasil...)

À cabeça provêm desculpas.
Tudo os pais pensam
por medo de alguma culpa.

"Sem ajudá-lo vai cair!"
Sim! E com sorte!
Cair em si!

A vida vai em septênios,
como o dia em 24 horas
e 365 dias são anuênio.

Não me pergunte por quê.
Não o digo porque não o entendo.
Apenas aceite o fato
de que crescemos em septênios.

Os sete primeiros anos são fulcrais.
Por isso nos caçam com afinco
pra vestir-nos vestes sacrais.

Para sempre estaremos confusos,
porque esses sensos difusos
nublam os potenciais.

Acenam a constrição
com camadas de poeira
sobre mente e coração.

Crescemos e questionaremos
tudo quanto há,
mas nos distanciaremos
do que "nos nasceram" já.

A primeira prova de amor
dada ao no primeiro septênio
é deixá-lo a mais livre flor;
não lhe impor nada nem com acenos.

Nada de conversão.
O mais amoroso afazer
é deixá-lo pagão
(com o contrário se disfarça um grilhão)

Por que tanta impaciência?!
Que contraproducente ciência!
As respostas antes das perguntas
em abuso de inocência.

Perguntando-nos sobre Deus,
mostremos as versões todas.
Tudo que se cometeu!
Não gostando que seja ateu!

Deus não se prescreveu.
Não está escrito.
Quem disso o convenceu
está proscrito.

Não há necessidade intrínseca
de crença em algum Deus.
Muitos viveram sem isso,
antepassados seus.

Nem há necessidade
de muita concordância.
Impor a visão dos pais
é assassinar a infância.

Se todos concordassem sempre
com o paterno quinhão
estaríamos na porta do Éden,
pelados de mãos com Adão.

Não me parece difícil.
É condição da evolução.
Para a humanidade melhorar
são necessários "nãos".

(Mas os pais gostam de obediência,
fecham ao rebelde o portão...)

Com atos livres e constitutivos
devemos livrar os cativos
de pais, pregadores, professores,
apenas liberemos os livros.

Cerque-os livres.
Cerque-os de carinho.
Remova as ameças, 
mas deixe-os andarem sozinhos.

Feito isso,
serão seus próprios,
não os invadiremos
com os nossos micróbios

que apequenam pequenas vidas.
Nossos medos, covardias,
todas as nossas fraquezas:
de pais, avós e tias.

Com essa fundação
constrói-se, a si, um forte.
Não teme nenhuma sorte,
nem ventos do norte, tufões.

Uma fundação fraca
é a estampa do medo.
Habilita-se o adulto
para dar-se ao desmantelo.

Não segura sua onda
nada em que acreditou.
O quarentão vestiu o terno
e seus cabelos cortou.

Chamam a isso 'maturidade',
não vê por quê o cortou:
é medo da sociedade,
qualquer padrão o torou.

Não interfira na criança.
Não lhe ensine o medo.
Ela é a filha da Esperança.

Deixe-a tatear no escuro.
Pode parecer difícil,
mas vai render-lhe doces frutos.




Casa Sublime, Alto Paraíso, 10/3/2015.

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