domingo, 17 de dezembro de 2017

CAPIBARIBE

Para João, Clarice e Olga

Num ansiado cruzamento de líricas,
beijo João Cabral
e o Capibaribe entra em minha mística.

Águas por que tentaram Severinos
uma realidade menos crística.
Onde a faca não os cortasse,
aliviados de forma híbrida:

Nem cabo,
nem lâmina,
só a vida e sua rixa.

Capibaribe que viu Clarice
viver sua meninice.
Descobrir encantada Lobato
e o que em livros se descobrisse.

(Livrar-se do tormento todo
que se sofre o que não se disse...)

O Capibaribe e tudo em que aporto
obriga-me à expressão.
É talvez mais um São Francisco
que deságua em meu coração,

que embora não tenha visto a seca
precisa de fluidez.
E a chance se aproveita
e eu do rio sou a tez.

A parte que o importa
e cospe de volta ao mundo.
Esquina em que Severino
me encontra e a meu Raimundo.

(Sempre a serviço da rima,
nunca da solução...)

E pra que procurar se o mar
não melhoraria o Sertão?
Este mundo não é coisa certa,
é mundo de transição.

Não falo de ir a verde
a deserta vegetação.
Falo da gente mesmo
que ri e chora sobre este chão.

E da moça e de seu rapto,
do rio que no mar se salga
pro que deságua em minha constelação.


Recife, 17/12/2017

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