terça-feira, 12 de dezembro de 2017

A BEAGÁ (íntegro)

A Belo Horizonte, por ocasião de seus 120 anos.

Beagá, Biririzonte,
não te cantei em meus louvores.
Sede dos meus deuses lares,
tocada de meus amores.

Nascida pra abrigar o novo
e corresponder ao plano.
E não tardou a demonstrar
que confins são ledo engano.

O melhor é estourar os limites,
engolir a Contorno.
Tornar-se abrigo ditoso
d'um crescimento buliçoso. 

Nossos estados e cidades num sentido,
nossas tribos e índios no outro.
E ruas que cantam poetas,
que cruzo pelo que percorro.

Cidade Jardim um dia,
reduzida a cidade canteiro.
Mas resistem ruas verdes,
que habitamos como viveiros.

Raul Soares, marco zero,
sem marcas que o apontem.
Salvo o mercado, bem perto,
onde mineiros matamos a fome.

Fome de tudo que seja,
que ali não falta nada.
Ou de fígado com cerveja,
ou de doces, queijos, cachaças.

Do alto das Agulhas Negras
abençoou-nos o Papa peregrino.
Só vejo as marcas da passagem,
dada quando era um girino.

Mas já me perfiz anfíbio,
pra explorar seus ambientes.
Sejam as manhãs e seu néctar,
sejam as noites e seus nutrientes.

Ou o que as ligue em ponte,
como A Obra e os rocks todos,
que nos distraem enquanto o horizonte
veste a aurora de novo.

Eduquei-me em teu primeiro Colégio,
depois sofri outro sistema.
Mas esta é uma terra de fortes,
a cicatriz é meu emblema.

Subi Bahia, desci Floresta, 
tanto, e por tanto,
que minha fronte é de luz,
trago um sol na testa.

Belo Horizonte não se esconde,
querem achá-la, ela está aqui!
Ressuscitou o carnaval,
pra brilhar-se como sempre quis!

No Maletta o meu Q.G.:
é minha e do Lucas a Cantina.
O filé e o talharim em disputa,
e o vencedor da peleja me anima.

Temos a Savassi, quase um centro,
de 'perambulância' diversa.
E a Pampulha que, distante,
mais parece secreta.

São cavidades do meu coração,
em que me formo e dissipo.
Jamais deixarei os aviões,
mas pra cada estação um "volto!" e um "fico!".

E me preservo no Santa Inês,
dos recônditos à tona.
Ora me mostro, ora me cifro;
sou as parcelas e a soma.

Belo Horizonte,
cento e vinte anos!
Eu te celebro e me entrego!

Te conheço os demônios e os anjos
e, também duplo,
te integro.

Nenhum comentário:

Postar um comentário