domingo, 10 de dezembro de 2017

INVERSO

Não me custou muito notar que eram aversos ao verso e não o podiam pronunciar. Não o podiam! Essa crueldade que se crê simpática, empática, poupadora. Esse grito mal dissimulado de que não me era dado dar-me por essa forma. Que deformados só o podiam fazer se o faziam em muito mais bela forma. Eu não conhecera a fôrma por que se compuseram esses compositores aptos a darem voz a esses  apreciadores expertos. Eu de nada sabia. De nada nunca procurara saber, como se daquele veneno do conhecimento jamais me pudesse morrer. A ignorância é que era a bênção, dizia-se por aí afora. Nutrir-se do que outros organizaram era a mais escura forma de aurora, pra um novo dia que de novo não tinha nada, que era mais uma forma da forma de outrora. Era uma eterna véspera. E do quanto sabia todos tinham tido a mesma via, os cafés, os predecessores, a dissecação. Salvo aquele liberto que se pusera a salvo dessa comunhão. Mas eles não o podiam saber, porque seguiu-se-lhes no tempo sem os seguir a essa campa. Outro mais maldito, diferentemente maldito, disse que preferia um banquete de amigos à gigantesca família. Onde isso ou aquilo? Pra que ser compreendido? Outros protegeram-se disso. Ela claramente protegera-se disso. Outra evadira-se da vida antes que pudesse atrever-se a essa compreensão. Minha mãe nutriu-se disso e me pariu. Como vêm essas coisas à luz? Fazem-se na madrugada? Fazem-se quando não se faz nada? Outros tiveram rotinas matinais em que martelavam seu ofício. Roíam os ossos do ofício (e como se não se perdessem em carnes...) Mas a carne é a etapa mais reduzida, e a única que se conhece. E me veio o grande esclarecimento pelo qual fui jogado de novo e sem defesa à mesma ideia de que a ignorância é que é a bênção, e que se dá de presente. Mas não essa ignorância presente e que tem sido a de sempre, não a de que nos queremos livrar pra já não precisar dessa outra. Faço-me entender? Claro que não! E pra quê? Pra que ganho? Pra que ganho, aliás? Eu não quero o risco do engano, embora já tenha desejado sua certeza, providenciado-a até. Não, Mallarmé! Eu e outro. Eles só veem o reboco, porque não lhes é dado penetrar. A luz que os guia é a de fora, a que se permitia. Do contrário era muito o trabalho. Pra que tanto? Pra que pranto? Educandário de mais recreio que lição? Desconheço! O duro é aguentar-se enquanto as incógnitas montam a sistemas, não é mesmo? O que os veicula se arrasta e a lombada os oprime e aprisiona, para sempre, no mesmo trecho da estrada. E é bem como não se vai a nada. E são mesmo dessa raça, essa extração, que só querem o outro que é eu, deles. E eu o que quero é aniquilar-me noutros. A cabeça do dragão o demanda, e as boas demandas não as resolvem os tribunais. Disso nem vale a pena que falais.... Falaz sim!

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