domingo, 8 de outubro de 2017

É TEMPO!

Sem notar que sofrer amedronta,
pus meu coração numa concha
e deitei-o no fundo do mar.

Num berço esplêndido.
Incogitável.
Intangível.
Inalcançável.

Para que não me pudesse encontrar.
Para que não me pudessem encontrar.
Para que seguisse selado.
Para que pudesse ocultar

os meus ouvidos precavidos
d'uma memória insurgente.
Uma memória polimorfa
de uma sereia que é gente.

O som não é tão veloz
quanto a Luz que me cegou.
Mas eis que agora me surge

e me parece melhor

que a memória que lhe tinha
e que a custo abafava.
Porque eu não a entendera,
e ela me machucava.

Como o tempo é senhor de tudo,
agora menos cego que mudo...
Mudo não digo, mas rouco,

pois chega de ouvidos moucos.

Vou abusar da garganta
e enviar-lhe um convite.
A você que já me encanta,
e chega do antigo alvitre.

Quero estar desembaraçado
do medo e outros freios.
Quero é ser alcançado
de novo por modos de frevo.

E boto meu bloco na rua,
com desculpas a quem se ofenda.
E votos de que aproveitem o exemplo,
que pode ser que lhes renda.

Eu me rendo ao amor,
imperfeitos como sejamos.
Tanto ele quanto eu,
e nos declaramos humanos.

Portanto perfectíveis,
como tudo que planejarmos.
E que Deus nos escute e ampare,
e quem sabe decida alar-nos.

Aos céus os prometidos.
Aos céus os alcançados.
E o tempo, não vou medi-lo,
mas é tempo de nos beijarmos!

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