No Estação Botafogo
apenas elegantes senhoras,
elegantes à outrora,
veem passar o tempo.
Irmandade Lumière.
já não têm (ou tiveram) maridos,
e seus rapés.
Estão ali tão livres!
E convertem o tédio em festejos.
Lembram-se do que não vejo.
Do que em verdade nunca vi.
Ou talvez tenha visto de outra feita
e, contrafeito, me esqueci.
O tempo dilata-se,
como é próprio do domingo.
Minha juventude aquilata-se,
não há outros jovens comigo.
Eu que nasci para ser livre,
ou só(,)para ser sozinho.
Rio, 20/11/2016.
sexta-feira, 25 de novembro de 2016
quinta-feira, 17 de novembro de 2016
HABEAS PALAVRAS
Na flor da idade
à flor da pele.
Ninguém a lhe falar
(ninguém se atreve!).
Parece indiferente,
mundo particular.
E nós, um mundo de gente,
ninguém para articular
as palavras que firam o silêncio,
que curem a moça esquecida
dessa vida de convento.
Que a resgatem das falsas alturas,
essa vida trancada em torre,
que é vida de sepultura.
à flor da pele.
Ninguém a lhe falar
(ninguém se atreve!).
Parece indiferente,
mundo particular.
E nós, um mundo de gente,
ninguém para articular
as palavras que firam o silêncio,
que curem a moça esquecida
dessa vida de convento.
Que a resgatem das falsas alturas,
essa vida trancada em torre,
que é vida de sepultura.
quinta-feira, 10 de novembro de 2016
UM NATAL (Vendo Lojas)
Nosso Natal é estranho!
Não é um Natal brasileiro,
é um norte-americano.
Ou é um Natal europeu.
Natal elegante de inverno,
não um Natal de plebeu.
O sol racha sobre nossa raça.
Um sol longo, nada breve.
Mas o brasileiro, de pirraça,
veste seu Natal de neve.
E não é sequer novidade.
Sempre tivemos desfiles
de ternos por nossas cidades.
Um calor desgastante
e a gravata os sufocando,
numa morte elegante.
Todo dia se morre um pouco.
Quanto ao ponto é mais livre
um qualquer do povo.
Esqueça, meu irmão,
adereços de vária cor,
e prefira dar o endereço
de seu coração ao Senhor.
O Natal é o Dele,
sob Ele todos irmãos.
E há de nos perdoar
vivermos cada um em sua estação.
Não é um Natal brasileiro,
é um norte-americano.
Ou é um Natal europeu.
Natal elegante de inverno,
não um Natal de plebeu.
O sol racha sobre nossa raça.
Um sol longo, nada breve.
Mas o brasileiro, de pirraça,
veste seu Natal de neve.
E não é sequer novidade.
Sempre tivemos desfiles
de ternos por nossas cidades.
Um calor desgastante
e a gravata os sufocando,
numa morte elegante.
Todo dia se morre um pouco.
Quanto ao ponto é mais livre
um qualquer do povo.
Esqueça, meu irmão,
adereços de vária cor,
e prefira dar o endereço
de seu coração ao Senhor.
O Natal é o Dele,
sob Ele todos irmãos.
E há de nos perdoar
vivermos cada um em sua estação.
sábado, 5 de novembro de 2016
PAÍS DA VONTADE
Sou o país da vontade.
Preciso de seu concurso
pra penetra-lhe a intimidade.
Sou o país do tesão.
Sei que a proximidade
não lhe parece invasão.
Sou o país do sexo.
Sei que vai-se entregar
e vociferar o sem nexo.
Sou o país do samba.
Sei que não vai-me negar
guerra santa em sua cama.
País da satisfação.
Ignoremos as notas
da pedrarrolante canção.
Somos países vizinhos.
E não demora tanta vontade
fundir-nos no mesmo ninho.
Somos países fronteiriços.
Valem laços de amizade,
mas sem domínio ou feitiços.
Somos de um só continente.
É quase a mesma língua
para o jogo do contente.
Com outros somos vasto mundo.
Outros nomes dariam rima,
ainda sem solução.
Apenas se lembre do claro:
Quanto mais "sim!" menos "não!".
Preciso de seu concurso
pra penetra-lhe a intimidade.
Sou o país do tesão.
Sei que a proximidade
não lhe parece invasão.
Sou o país do sexo.
Sei que vai-se entregar
e vociferar o sem nexo.
Sou o país do samba.
Sei que não vai-me negar
guerra santa em sua cama.
País da satisfação.
Ignoremos as notas
da pedrarrolante canção.
Somos países vizinhos.
E não demora tanta vontade
fundir-nos no mesmo ninho.
Somos países fronteiriços.
Valem laços de amizade,
mas sem domínio ou feitiços.
Somos de um só continente.
É quase a mesma língua
para o jogo do contente.
Com outros somos vasto mundo.
Outros nomes dariam rima,
ainda sem solução.
Apenas se lembre do claro:
Quanto mais "sim!" menos "não!".
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