Os amores são dores,
nos seus estertores.
São-nas também no início,
quando induzem ao vício.
E os que amam são compositores
que não sabem que som vão compor.
Mas é certo que é música sacra,
sacra sem tirar nem por.
Tudo que o amor toca
é sabido que vira ouro,
ainda que pareça ao tocado
tratar-se de ouro de tolo.
Tolo mesmo é o que nada compôs,
relegando a vida ao depois.
O tempo passa, não há remédio.
E o amor não nos mata, mas ao tédio.
Em que vida sem amor há festa?
Festa é feliz perturbação.
E se quer dançar, dê-se pressa:
a vida corre, estação em estação.
Só amando vive-se à beça.
Todo outro caminho é vão.
Santa Inês, 2014.
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