quarta-feira, 1 de julho de 2015

DE REPENTE

Enquanto você emoldura
as palavras alheias,
eu vou escrever dúzia e meia.

Não serão tão boas,
nem talvez tão claras,
mas terão muito a minha cara.

Talvez seja só vaidade
querer escrever-se.
Não vai ser vendido,
nem ver-se.

Mas se as coisas me ocorrem
e lhes presto atenção,
e caneta e papel estão a mão...

Por que não lhes dar tinta?
Ver o que pintam?
Talvez depois, lidas,
me sirvam!

Talvez iluminem 
o que me vai dentro.
Dando cores a um quadro
cinzento.

E se as cores que levo
também as levam outros,
talvez sirvam até
mais um pouco!

Mas o que estou dizendo?
Servir a outra gente?
E ficam as minhas alheias
assim, de repente!


Santa Inês, 2014

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