domingo, 11 de abril de 2021

QUINZE

Não me julgue mal,
isso não é assim o ano todo.
Mas todo ano há ângulos do calendário...

O ponto é: sinto saudades.
Muitas e imensas saudades!
Vou pejado.
E isto não é um erro.

(nem pode ser evitado).

Que dias felizes aqueles.
"Ah, mas..."
Sim! Exato isso.
Ainda com os apesares eles cintilam.

Porque muitos foram os céus bonitos.
As estradas, os parques, o sofá.
Quase não se pode voar
(mas já sou de mim... aéreo).

Os desmantelos, os erros,
até quisera tê-los.
Erramos bonito!
(mas tem gente que erra feio).

Todo erro meu é degrau.
Galgo, mas antes de tornar a errar
contemplo a vista da ascensão. 
Como é bom palpitar tudo isso que leio com a mão.

Sim!
A mão que tange o peito ela não é escudo.
Não me escondo dos defeitos.

Por que a madrugada é tão célere?
Aqui não há ruídos que me atropelem.
A música se pode ouvir tão baixinho
que as notas parece que me querem.

Que poetas são esses, Senhor,
que tiveram minhas ideias antes de mim?
Só se fui esses poetas antes do dia em que nasci.

Se te pareço triste, te equivocas!
Ninguém bate à minha porta,
mas resolvi chamá-lo paz.

Meu Deus, eu vivi demais!
Mas não digo que já vivi demais.
Em mim tudo continua e lhe ajunto novos apreços.

Amanhã acordo cedo,
se conseguir acordar.
O galo já cantou alvorada,
esse bicho precipitado com mania de avisar.

Mas vou lançar-me à tentativa,
que se adormeço sonho.
E é a isto que me proponho:
sempre continuar a sonhar!

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