Pessoas que dão conselhos
e já os descumprem com dá-los;
como legitimá-los?
E é como estou a alertá-los:
Ouçam o que eu digo:
Não ouçam ninguém.
Pessoas que dão conselhos
e já os descumprem com dá-los;
como legitimá-los?
E é como estou a alertá-los:
Ouçam o que eu digo:
Não ouçam ninguém.
Só sabes de mim parte do que mostro,
mas julgas sabê-lo todo.
Meu iceberg,
teu soçobro.
Teu preconceito ágil,
mapa preciso do naufrágio.
E quando, naquelas terras violentas,
um cabra safado morria,
ficava sempre a pergunta:
- Morreu de morte matada
ou morreu de morte morrida?
E era sempre de morte matada,
tamanha era a torcida.
A Lua não é desculpa.
A Lua é minha como a Lua é sua.
(mas a varanda sem você...é nua).
A Lua some.
A Lua alteia.
A Lua apaga e viceja.
A Lua é de quem sabe de fases.
A Lua está na verdade inteira
mesmo se pela metade.
Mas a Lua tem um lado cheio infenso à claridade.
A Lua não é bem o Sol
mas tem lá sua majestade.
A Lua sente e hidrata.
A Lua é o sonho do astronauta,
que verá secura onde o poeta vê prata.
As nuvens por detrás do edifício fazem-no móvel.
É só uma perspectiva, gosta quem gosta.
(mal só se fala pelas costas).
Sinto-me à flor da pele
(nada em mim se revele!)
Segredos interessam-me;
são a chave do mistério.
Ou são sua matriz...
Longe de mim querer quem não quis.
Da liberdade tudo se faz.
Às vezes tudo menos livre,
presa de enredos mentais.
"Sempre é inesperado o abominoso".
Salvo quando já desencadeado.
Cadeado ninguém quer.
(quero assento do seu lado!)
"O Vento sopra onde quer..." (João).
Aviso aos navegantes:
"Navegar é preciso"
e necessário.
Mesmo quando viver não seja preciso,
viver é necessário.
Viver doi.
Viver compraz.
Viver não cessa,
porque viver, se acaba,
recomeça.
Viver parece castigo,
mas viver é promessa.
De festa, pelo que atino,
com ensino...à beça.
A criança acha normal aprender.
Tem pressa.
Toca o mundo sem se deter.
Tudo que pode acessa.
O adulto, às vezes,
num acesso de morte,
renega a oportunidade,
perde o norte.
Quer retroceder,
desperdiçar a sorte.
Mas o barco sabe do caminho,
e ignora um tal timão.
As velas acatam o vento,
dirigem a embarcação.
A tempestade dá seu contributo.
E a bonança, se alternando.
Até que o ser se dispõe
a retomar o comando.
E ver que seu belo atributo
é enfrentar a procela.
E que barco atado ao porto
é destino frustro na cela.
Mas sem resposta é a resposta toda!
O tempo despendido à toa.
O coração bem escrito.
O sentimento versado.
O pensar com carinho o passado.
Fica rosa-só-espinho.
Violão-só-corpo.
Não abraça nem entoa.
Não se nota.
Nada se pauta.
Tudo se julga.
O tempo escorre rugas.
Ruas não trafegam carros.
A roda não se inventa.
Tudo se arrasta.
A todos pariu a madrasta.
O pai não tem certeza desde os romanos.
As letras são cifras.
Tudo se enruste.
O sentido que lute!
Mas o sentido não quer fazer.
Não me julgue mal,
isso não é assim o ano todo.
Mas todo ano há ângulos do calendário...
O ponto é: sinto saudades.
Muitas e imensas saudades!
Vou pejado.
E isto não é um erro.
(nem pode ser evitado).
Que dias felizes aqueles.
"Ah, mas..."
Sim! Exato isso.
Ainda com os apesares eles cintilam.
Porque muitos foram os céus bonitos.
As estradas, os parques, o sofá.
Quase não se pode voar
(mas já sou de mim... aéreo).
Os desmantelos, os erros,
até quisera tê-los.
Erramos bonito!
(mas tem gente que erra feio).
Todo erro meu é degrau.
Galgo, mas antes de tornar a errar
contemplo a vista da ascensão.
Como é bom palpitar tudo isso que leio com a mão.
Sim!
A mão que tange o peito ela não é escudo.
Não me escondo dos defeitos.
Por que a madrugada é tão célere?
Aqui não há ruídos que me atropelem.
A música se pode ouvir tão baixinho
que as notas parece que me querem.
Que poetas são esses, Senhor,
que tiveram minhas ideias antes de mim?
Só se fui esses poetas antes do dia em que nasci.
Se te pareço triste, te equivocas!
Ninguém bate à minha porta,
mas resolvi chamá-lo paz.
Meu Deus, eu vivi demais!
Mas não digo que já vivi demais.
Em mim tudo continua e lhe ajunto novos apreços.
Amanhã acordo cedo,
se conseguir acordar.
O galo já cantou alvorada,
esse bicho precipitado com mania de avisar.
Mas vou lançar-me à tentativa,
que se adormeço sonho.
E é a isto que me proponho:
sempre continuar a sonhar!
A noite é dos que dormem como é dos acordados.
Como o dia dos tranquilos e dos sobressaltados.
Como as 4 estações são de todos os aqui lotados.
(7 bilhões, last time I checked)
A França continua decaída e orgulhosa.
A águia destes dias não capta a de outrora.
Sem ademanes e com muitos "uh...uh...."
Hesita. Não inspira ninguém.
Mas fantasia, e essa fantasia todos compramos.
O Brasil cresce em passado e o projetam para o futuro.
Coração do mundo, pátria do evangelho, e seguimos no escuro.
Provam-no números. Provam-no as costas sempre dadas e as mãos recolhidas.
E o Brasil segue vivendo das exceções mais bonitas.
A fé real, caridosa, que não dosa esforços pelos de fora da "ordem e progresso".
O Brasil deriva.
Não tem líder, tem abscesso.
Precisa de auxílio médico, mas negam.
Metade do corpo não concorda.
Metade quer morrer, que é mais fácil que lutar.
Mas não sabe. Não sabe nada!
Baba!
Mas o babadouro é lindo: verde-amarelo e estrelado.
Abafa!
Mas queria acordar amanhã!
(e bem longe dessa vara!)
A música junta
os fragmentos da minha vida.
Aquilo de que já gostava
antes de saber que queria.
A casinfância
e a amadurecida.
E toda a instância
que a sustinha.
A dedicação ao disco.
O desconhecimento da nota.
O acatamento pleno
do quanto se nota.
A aura modificada,
iluminada e expandida.
E a maneira blindada
de suportar a apatia.
De conhecer como se sente
o que a vida não nos brinda.
E como não se ressente
a vida que se quer esquecida.
Não existe vã toada
entoada de dentro pra fora.
E mesmo se nos vem adentro
contribuições de outrora.
A música quebrou o relógio,
cerrou as grades,
derrubou o portão.
A música está em tudo
e no estudo da recordação.
A música me embala agora
e também vai pautar o futuro.
Música, minha alma mater,
minha coragem e escudo.