segunda-feira, 5 de junho de 2017
À MULHER
A mulher não é da costela.
A mulher não é só do frevo.
Há mais razões na mulher
que qualquer razão que eu concebo.
Foi preciso uma mulher
pra que eu viesse a ser homem.
E também devo à mulher
se me chamam por meu nome.
Diziam que o feminino era o coração,
como se o coração fosse miragem.
Mas esqueceram que o coração
é o próprio centro da coragem.
O filósofo disse,
e disse como coisa patente,
que o homem nasce livre
e por toda parte depara correntes.
Esse "homem" é o ser humano,
pois foi sempre o mesmo com a mulher:
Assim que nasceu, forte e livre,
viu atarem-se-lhe os pés.
Impôs-se a força bruta,
a vantagem corporal.
A um ponto de ser impuro
estupro de sua moral.
Mas o forte nunca é vencido.
A coragem não se derruba.
E onde houve pilhagem
não tardou nascer a luta.
Mulheres feitas mulheres.
Mulheres de sua seita.
Mulheres indignadas,
e não apenas contrafeitas.
Mulheres desejosas
de assinarem seu contributo.
E de superarem a indecorosa
posição de apenas tributo.
Porque tudo que pode "o homem",
pode-o o ser humano.
Também pode, portanto, a mulher,
haurida do mesmo plano.
E se há (e há!) diferenças,
elas nos fazem complementares.
As cooperações e concertos
são medidas salutares.
Mulher, seu nome é luta!
Mulher, não se aflija!
A todo tempo a labuta
transmuta-se em conquista.
Toda força à mulher!
Toda força ao gênero humano!
Da hora de subir
até a hora de cair o pano!
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