segunda-feira, 31 de outubro de 2016

UM MUNDO (Casa Capital)

Na minha casa
não tem campainha.
Não tem rainha.
Não tem súdito.

Na minha casa
não tem pecado.
Não tem prelado.
Não predicam do púlpito.

Na minha casa
não tem escorbuto,
só o produto
das laranjas.

Na minha casa
eu desfruto
o que me enviam em duto
as minhas entranhas.

Na minha casa,
sempre sozinho,
penso estas coisas
estranhas.

Penso em divisão,
pego da caneta,
sou escrivão.

Penso em alforria,
escrevo a Vossa Alteza,
sou mero escriba.

Senhora sanidade,
não precisa alarde,
baixe o decreto!

E pode ser que extraia
exclamações e vaias
do que a sigo de perto.

E já nada importa
se, aberta a porta,
eu estiver liberto!

Nenhum comentário:

Postar um comentário