segunda-feira, 24 de outubro de 2016

POR SORTE

"Onde a casa vige?"
Onde a gente existe?
Longe das cicatrizes?

Os tempos eram outros.
Foram outros.
São outros os senhores do tempo.

Nós outros o que temos?
O produto das tratativas.
Somos senhores das tentativas.

Não vê acaso as pistas?
Não vê a que pista nos lançamos?

A sorte é nossa regente.
Ela, que nunca soou mal,
que inventa o carnaval
ou se recolhe em câmaras.

Ela que nasce flores,
que tinge as cores,
hasteia as flâmulas.

Já cantaram em Pernambuco:
"A vida é cigana".
Se enganam os que pensam
que se podem poupar.

Eu mal posso esperar.
Quero apalpá-la,
sentir-lhe o cheiro,
provar do gosto.

Não serei o primeiro,
mas viverei,
se é imposto.

A sorte desarrazoa,
nos é imposta
mas coisa boa.

Vem!
Me pega do braço,
num primeiro instante casto,
aprofundada depois a comunhão.

Vem!
O tempo vai sempre correr,
e a sorte nos proteger,
que até um louco amor tem razão!

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