quarta-feira, 15 de abril de 2015

PALAVRA! 2 (O apanhador no campo de seu tempo)

E os livros de que me alimento
(essa lauta refeição!)
dão-me tudo o de que preciso
para formar minha expressão.

Está formada há tempos!
Não gaste sua atenção
em organizar argumentos
pra derrubá-la em dissecação.

Então está dito:
Você só me lê se escrevo escorreito.
E se escrevo é só prospecção 
do que se esconde sob meu cimento.

Vou usar o Metal de prova,
vai-lhes testemunhar a todos
de co-arquiteto do projeto
do "vocabulário jacarandoso".

E não é que seja um texto
tão mais belo quanto mais faustoso,
mas que feminino resiste 
a brinco na orelha e colar no pescoço?

Uma ideia esquisita
de que a palavra é tão mais falsa
quanto mais bonita.
Que constatação é essa?

(Juro que não entendo
de onde lhes vêm as ideias!)

Todas as palavras
de que o dicionário dispõe
foram engendradas pra ser usadas
nas nossas diárias traduções

do que está posto no mundo.
(Ou do que nos vai profundo,
bem ocultado sob a pele.)

E quando olho pra tudo isso,
que meu dicionário me revele:
Que culpa tem meu idioleto
se sempre me agradou expandi-lo?

Nada se fez por implante,
foi tudo colhido nos livros!


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