sábado, 15 de novembro de 2025

GATARRADA

As coisas já não são mais as mesmas.
Aliás, desde que me entendo por gente,
elas estão entregues ao seu ofício, porfioso,
de não serem jamais as mesmas.

Por isso o menino que queria morar com o filósofo indagava:
"Mamãe, por que as coisas estão sempre mudando?"
(Ele nem desconfiava que nele morava o filósofo).

Por isso gosto tanto da madrugada.
Ela não existe desde que me entendo por gente.
(Nela raramente me entendo ou há gente...)

Mas desde que fomos apresentados ela tem sido a mesma.
Infinita, plena de possibilidades.
Meus gritos ensurdecedores não perturbam os vizinhos.
Eu sequer os ouço, apenas os adivinho.

Mas porque, na beleza da madrugada,
nada é tão nada assim, nem há tudo que se complete...

Há gatas. 


"...as crianças enlouquecem em coisas de poesia..."

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