segunda-feira, 28 de novembro de 2022

DEDENTRO

Para Fafá

 A caneta impõe a escrita nas horas em que te espero,
nesta sala sem visita.
Sem visitas mas que abriga visitantes,
todos loucos pra voar.

Talvez alguns com medo ou pânico,
como os tais pássaros criados em gaiola
que acreditam que voar é uma doença.
Nunca se perguntaram por que têm asas;
para eles é apenas um estranho adereço.

Mas parece que não é assim.
Deus faz tudo perfeito,
ou pelo menos predestinado.
Como nós, um dia anjos,
embora jamais alados.
Mas amando (e amados).

Quer melhor que isso pra voar?!
E o amor já nos é dado,
nem precisa implorar.
Mas precisa construir
casa pra ele morar,
base pra não ruir.

O amor não é feito de esperança só.
Ele é feito de trabalho.
O trabalho é muito da Lei.
Mas você pode escolher.
E depois da escolha feita
sempre terá de responder.

Tenho dito isso sempre,
como se fosse novidade:
a contraface da liberdade
é a responsabilidade.

É a sua contrapartida.
Deus não dá ponto sem nó.
A cruz conforme as costas,
o curativo pras feridas.

É preciso por reparo
para poder reparar.
Porque Deus faculta o erro
mas enseja o consertar.

E a chuva segue nos lavando a todos,
até aos que se julgavam limpos.
Os que se sabem na Terra 
e os que se creem no Olimpo.

As manhãs seguem nascendo para justos e injustos.
Rogai por nós, pecadores.
Venha a nós o vosso reino.

Eles que procurem fora;
Eu procuro dentro!


Confins, 19/11/2023

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