Sua expectativa
veste de derrota meu triunfo.
Tira da aorta ventrículos.
Faz terra rasa da edificação.
Os olhos não percebem.
As mãos não tocam.
Os pés não pisam
o que da devassidão fez meu juízo.
Faz devassa no meu íntimo.
Inquisição no carnaval .
Autópsia no nascituro.
Finados no natal.
Desafinados
Esperança e desânimo,
Rogativa e inclemência.
silêncio e Cântico.
Mas o coração segue pulsando
o seu nicho de bater.
Mesmo se pra bater apanha.
Mesmo se batendo se derrama.
A distância percorrida é tanta
que já não penso na fita vermelha
da chegada mas na do presente.
Eu que sou tão crente
que duvido de duvidar!
Nenhuma dúvida me embrulha
mas a certeza de incertezas,
flor sem estação
Espécie de sempre viva
no jardim de quem se procura.
E não há tristeza que obstrua
o meu sestro de cantar.
Ou de me encantar com o que descubro.
Mesmo ou até mais quando resvalo,
piso em falso mas já não caio,
que a vida gosta de me levantar.
Como se levanta o sol sem perder de vista
Eu lhe peço que não insista
em a tristeza se instalar.
Como dizia Baba Yaga,
"saber demais envelhece antes do tempo".
Todos se querem deslumbrar
mas sem estarem presas do portento,
sem invocar excessivamente o numinoso.
O encanto silencioso está em dar-se conta
de que há coisas que só Deus pode saber.
Pouco importa embaralhar
o negro, o vermelho e o branco.
Só porque caio em noite me levanto
E me levanto ao me raiar.
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