quarta-feira, 22 de julho de 2020

TRÊS CAVALEIROS

Sua expectativa
veste de derrota meu triunfo.
Tira da aorta ventrículos.
Faz terra rasa da edificação. 
 
Os olhos não percebem.
As mãos não tocam.
Os pés não pisam
o que da devassidão fez meu juízo.
 
Faz devassa no meu íntimo.
Inquisição no carnaval .
Autópsia no nascituro.
Finados no natal.
 
Desafinados
Esperança e desânimo,
Rogativa e inclemência.
silêncio e Cântico. 
 
Mas o coração segue pulsando
o seu nicho de bater.
Mesmo se pra bater apanha.
Mesmo se batendo se derrama.
 
A distância percorrida é tanta
que já não penso na fita vermelha
da chegada mas na do presente.
Eu que sou tão crente
 
que duvido de duvidar!
Nenhuma dúvida me embrulha
mas a certeza de incertezas,
flor sem estação 
 
Espécie de sempre viva
no jardim de quem se procura.
E não há tristeza que obstrua
o meu sestro de cantar.
 
Ou de me encantar com o que descubro.
Mesmo ou até mais quando resvalo,
piso em falso mas já não caio,
que a vida gosta de me levantar.
 
Como se levanta o sol sem perder de vista
Eu lhe peço que não insista
em a tristeza se instalar.
 
Como dizia Baba Yaga,
"saber demais envelhece antes do tempo".
Todos se querem deslumbrar
mas sem estarem presas do portento,
 
sem invocar excessivamente o numinoso.
O encanto silencioso está em dar-se conta
de que há coisas que só Deus pode saber.
 
Pouco importa embaralhar
o negro, o vermelho e o branco.
Só porque caio em noite me levanto
E me levanto ao me raiar.

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