domingo, 26 de julho de 2020

CASÁGUA

Está-me um domingo com cara de sábado.
(Digo mais pra senti-lo do que pra frisá-lo)
O velado não revela

nem ninguém vela o revelado.

O sepultamento dá-se precípite. 
Porque é um julgamento sem arrazoados.
O martelo pesa-lhes tanto
que não pode ser sustentado.

A cada segundo desaba seu peso

sobre o que era amadeirado.
E nem se fosse diamantino

o teria suportado.

O golpe é muito insistente

pra que seja amortecido.
Ou talvez o véu fosse mortalha

e eu me tivesse esquecido.

Ninguém devia discutir acessórios.
Fazem a falta em batizados que não fazem nos velórios.
Nem se deviam discutir acidentes.
É da essência que se faz o que mereça a alcunha de gente.

Mas a quem tal não importe não importa nada!
E tudo que não importa é deixado ao limiar da estrada.
É isso ou o atropelo.
(o que é de novo o acidente valer mais que o desvelo).

Mas é apenas uma madrugada
("não é barro nem tijolo").
Mas a cada vez que derrubem a casa

hei de erguê-la de novo.


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