sexta-feira, 24 de abril de 2020

TELEFONE DE DISCO


Éramos crianças,
e as roupas só precisavam ser confortáveis.
Também não podiam ser caras,
para vestir tantas.


Éramos crianças,
e muitas vezes tínhamos medo.
Mas em muitas outras
tínhamos esperança.


A avó era boa,
para uns menos um tanto.
Dava-lhes muitas balas
e chocolates a outro no canto.


Éramos crianças,
não sabíamos de geladeira ou fogão.
Apenas que o que nos vinha
nos vinha de coração.


Não sabíamos o preço de nada,
nem talvez mostrar apreço.
Mas para o caso de nos perdermos
decorávamos o endereço.


A escola era a segunda casa,
mas era também ameaça.
A escola nos era muito cara,
e sabíamos que não era de graça.


O uniforme era a toga do tédio,
mas nos protegia do erro.
Como não fazia no prédio,
em que nos vestíamos com desmazelo.


Éramos crianças,
e o telefone tinha lugar de destaque,
o que muito pouco o protegia
de minhas ligações de araque.


Éramos crianças,
e ligar só se fazia tendo o que dizer.
E agora sinto muitas saudades,
mas não sei exato de quê!

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