domingo, 19 de janeiro de 2020

PÉS DE NUVEM

Para Fafá.

Aos olhos do amante,
sentindo-se em despertamento,
nutrindo-se do ineditismo,
sempre lhe parece tudo recente invenção.


Cria-se.
Cria-se do amor.
Entretece seu próprio revestimento,
confortável, embora sobressaltado.


Fulgura em discrição.
Ou assombra!
(mais que o primeiro luar do sertão...)


O mundo que se palmilha
se descobre.
Nada há de tão visto
que não se renove.


Ao que ama a esperança
é a de que a vida finalmente comece.
Antes de que possa agir
a própria ideia da morte fenece.


O amor a ultrapassa.
A sua dança de nunca antes
nenhum salão conhece.


Ela é a da mata virgem.
Orvalha-se,
depois busca o sol da manhã.


O amor me repousa
mas não descansa.
O amor é afã.


O amor é vigor.
Não será jamais debelado.


O amor?
É tão simples
que lhe basta você ao meu lado.

Nenhum comentário:

Postar um comentário