segunda-feira, 17 de julho de 2017

SÓ EM JOÃO PESSOA

Na maior parte do tempo
estou só em João Pessoa.
E bem por estar só.
É uma conquista!
Foi trazer para o litoral
minha solidão esquisita.
A mesma que já passeara por São Paulo.

Mas São Paulo,
sempre grande e outra,
já era um pouco conhecida.

Minha solidão é entrecortada
por alguma companhia.
De vão em vão me vêm à mão
meus amigos da Paraíba.
Os que só aqui encontrei
e os que já entretinha.

É um amor.
São amores!
Como disse um guru,
sorrirei de cada dia em que despertar.
É um renovado privilégio
o de se melhorar.

Na maior parte do tempo
estou só em João Pessoa.
Mas quando estou mais só
é quando fito o mar.

Imenso, cálido, convidativo,
recebe-me com sinceridade,
mas fica claro que não posso ficar.
Não sem arranjos:
nadadeiras, barbatanas.

O mesmo para João Pessoa:
recebe-me, afaga-me,
mas me mostra o caminho para o Castro Pinto.

Ela tem os paraibanos,
tem os pernambucanos incorporados.
E o mar tem sempre o céu bem junto.

Na maior parte do tempo
estou só em João Pessoa.
Mas quando estou mais só
é quando avisto um casal,
num pedaço só deles de mar.

Abraçados, molhados,
ela dando pinta de que sem ele iria afogar-se,
mesmo se ali dá pé.

Eu quero apenas dar pé,
dar pé antes de partir.
Emprestar ao humano, 
aos homens,
toda esta minha fé.

Haverei de amar tão só
quanto como em João Pessoa. 


João Pessoa, 27/5/2017.

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