Não posso fazer nada,
porque só posso fazer nada.
Que alma mais desazada
veio Deus em mim conceber.
Não morri de susto.
Não saltei do viaduto.
O susto é que foi a ponte
de lá para este horizonte.
Antes nenhum problema.
Antes nenhuma antena.
Antes nenhum morfema
(eu era o mínimo de mim).
Nada eu captava.
Mares não navegava.
Eu sequer me pronunciava;
sabia o que era só ser.
Agora sei o ser só.
Agora sei o ser pó.
Evado-me antes do nó,
e os deixo com "até mais ver!".
Nenhum comentário:
Postar um comentário