Eu quero viver de palpite
porque acho certezas tristes,
ou porque não as consigo formar.
Você pode ficar comigo
e até trazer seus amigos
que queiram se desinformar.
Porque gosto de palavras,
mas as minhas são levianas,
por lhes faltar o lastro devido.
Mas não me acerco desses bancos,
os bancos dos doutorandos.
Pra mim eles são um perigo!
Porque ali se sabe tanto,
e opõe-se tanto também,
que vão destruir o meu canto
e o que escreve nada mais tem!
Então não vou ser professor,
nem vou ser doutor,
nem vou ser psicanalista.
Vou flertar livremente com a palavra,
exaltá-la ou profaná-la,
tudo com visto de turista
(ou de vigarista, dirão).
Mas não vingando o que digo,
não se vinguem do escrivão.
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