Meus olhos são represas
em cujas redondezas
ninguém se atreve a viver.
Nem os já afogados,
nem os que, de tão sedentos,
acreditam que beberiam o mar.
Meus olhos são represas
cuja segurança eu não meço,
não atesto,
não desafio.
Meu coração é um prédio em ruínas
em que ninguém se abriga.
Nem os flagelados da seca.
Nem os flagelados da chuva.
Ainda menos os flagelados
que nunca ousaram correr perigo.
Meu coração não tem estrutura,
mas se abala.
Meu coração não tem sutura,
sua cura é criar asas.
(E a esta hora o ar me falta;
os pulmões já não dançam esta valsa).
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