segunda-feira, 9 de novembro de 2020

40 anos no deserto.

 40 anos no deserto
tropeço
na areia por cama.

40 anos no deserto
é decerto
o que a alma reclama.

Tentada
Abrasada
e resistente.

40 anos no deserto
fazem muito (observo)
à gente.

Até que sofrimento e meditação
trazem oásis.
Até que a dor traga suas lições
luminares.

Não pode trazer prejuízos
o alto sol meridiano.
Apagam-se à noite as luzes:
hora de ponderar sobre os planos.

(Não dura mais que um dia
 tudo o que falsificamos).

A areia é muita
mas o tesouro subjaz.
Cavar parece eterno
como eterna será a paz.

Paz laboriosa,
operante.
(Paz é bem melhor
do que o tumulto de antes). 

Já tendo sido satisfeitos
todos os banquetes dos sentidos,
a mente tira novas consequências
dos mesmos banquetes de signos.

Essa saciedade abre um novo tempo,
tempo de edificação do meu próprio templo.
Em que nos atendemos, os amigos em elevação.
E fica lavrado este ato com feitio de confissão.

40 anos no deserto,
a Humanidade pode tudo:
Basta o amor por projeto e material de estudo.

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