O Sol nasce para todos,
e para todos dura o mesmo o dia começado.
Mas alguns apreciam a vista,
enquanto outros seguram sombrinhas
para os que podem desfrutá-lo.
O Sol nasce para todos,
e para todos dura o mesmo o dia começado.
Mas alguns apreciam a vista,
enquanto outros seguram sombrinhas
para os que podem desfrutá-lo.
Esta caderneta é tão pequena;
caberá nela o poema?
Ou talvez até seja grande
pruma inspiração que se ausenta.
A vida é chama e consome tudo
sem que o distraído o tenha dado por existido.
A vida chamou para outro lado
os amigos que casaram e os com filhos.
Levou longe os amigos que se ordenaram
e as amigas que tomaram o hábito.
A vida age sempre,
quase sempre sem espalhafato.
Num dia os programas abundam,
e precisam ser sorteados.
Noutro dia você gosta
quando nota que está isolado.
Por um tempo parece reversível,
mas uma estranha vertigem impede o gesto.
Depois parece impossível,
ou que provoca tédio.
Mas a vida que foi, isso é lógico,
não pode seguir sendo.
Nem a musculatura poderia sustentar o aceno.
Parece que não sigo sendo,
mas me sinto dilatar.
Até preencho o recinto com o meu jeito de estar.
Mas a vida segue tramando e,
num susto, esta já é outra coisa.
Tudo, tudo cansa
e quem muito voa também muito pousa.
O Cabral que não descobriu mas fundou um mundo
disse que um galo sozinho não tece uma manhã.
Acompanhado, tece.
Bem acompanhdo é alvoradeiro,
traz o dia feito em seu celeiro.
Não precisa de carro,
não precisa de mitologia.
Só precisa essa forma tão pura de alegria chamada encontro,
ou ponto de partida.
E canta toda madrugada.
Canta quando a noite já está cansada,
mas segue sempre dedicada.
A noite. O canto. O ponto. A vida.