O tempo é bruto
e me maltrata.
O tempo é douto
e me ensina.
O tempo antes também seu,
agora nem meu,
menina.
O tempo é o que se deflagra,
e os homens de armas
são sempre malditos
O tempo é bruto
e me maltrata.
O tempo é douto
e me ensina.
O tempo antes também seu,
agora nem meu,
menina.
O tempo é o que se deflagra,
e os homens de armas
são sempre malditos
Também eu,
quando o rei foi morto,
e o reino dividido,
me contava entre os vivos.
No mesmo mundo,
com tantos mais reis,
quantos eram os reinos surgidos.
Nada foi realmente dividido,
apenas o poder soberano,
entre príncipes que eram primos.
Eu e todo o povo
sobrevivemos sem acesso.
Parece vida,
mas é decesso.
Nada mais belo que o vento,
que só existe pleno.
Vindo do ar da Graça,
e dissolvido ao jamais.
As coisas são feitas para serem esquecidas,
e um dia são mesmo deixadas atrás.
Pois não consinta em basear a vida
em suas presenças tão espectrais.
Meu coração foi quebrado.
Achei que fora invasão,
mas fora libertado.
Não fora desilusão,
mas desintegração
do cadeado.
Meu coração segue aberto
e o mundo,
ampliado.