Quem ama está no paraíso.
Sei que não é possível vê-lo;
antes sei que é possível senti-lo.
sábado, 24 de junho de 2023
PAUSA DE MIL COMPASSOS
Desce agora o pano
como sobre qualquer carnaval.
E recolhe-se o dos confetes
(a quarta-feira é fatal...).
Viveu bem o Pierrot-Arlequim?
Viveu bem a Colombina.
E mesmo aos que não (se) viveram:
Bem-vindos de volta à sina.
sábado, 10 de junho de 2023
PLAYLIST
De um lado um denuncia dores que ninguém nunca sentiu.
Do outro um pede socorro por não sentir nada.
O problema do mundo é o egosímo.
Essa é a grande chaga!
Se as dores se somassem e dividessem,
nem muitas,
nem nada!
quinta-feira, 8 de junho de 2023
MUDA
Ela escreve o meu nome sem ternura.
Ela me esquce, a minha namorada muda.
A minha namorada muda.
Toda notícia é boa.
Vale muito o que se sente
e mais um sentimento que se entoa.
O sentimento declamado participa
o que se saiba, o que se viva.
E do que se sabe e vive extrai-se
o que possa ser poesia.
O que se tem a ensinar,
com o que se tem de viver.
Conviver é que é amar
(e amar não é esquecer).
Caro Torquato,
é preciso não dar comida aos urubus.
Não sponte propria; aos urubus
só à minha revelia a glória.
Vou desinfestar o céu
para fazer-lhe festa.
A minha alegria esta à espreita
(e tenho alegria... à beça!)
quinta-feira, 1 de junho de 2023
VENTANAS
A vida tem portas e janelas
muito mais abertas que se pensa
(ou que se mostram).
Janelas estreitas e largas,
como há gente estreita e larga.
Janelas baixas e altas
(mas nenhuma gente tem asas).
Outras portas parecem travadas,
e já ninguém lembra para que se atravessam.
Ou estão mesmo emperradas,
e só arrombadas se revelam.
Há janelas de correr.
e janelas de empurrar.
Há janelas por que descer
(se o desespero o solicitar).
Não há janelas, se altas, por que subir.
É muito mais fácil cair do que seria escalar.
É então impossível a invadir
aos que somos fáceis de defenestrar.