O coração tem razões
e as arrasa.
O coração despeja quem quer
de sua casa.
O coração não tem de suas
só cavidades.
O coração é que tem vontades.
Quem muito pensa
não pensa
que é o coração quem sabe.
O coração tem cor.
Tem oração.
Tem profundidades.
Pulsa codiforme minha vontade.
quarta-feira, 26 de janeiro de 2022
CORDIAL
sexta-feira, 21 de janeiro de 2022
DESBANIMENTO (Versailles)
Nem tudo assombra que volta.
Olhe ao seu redor!
(E olhara a sua volta...)
A Lua se vai e retorna.
A ausência do Sol bem pouco se nota.
Se morde.
Se assopra.
Às notas sucedem pausas.
"O passado ainda está acontecendo".
À porta do museu. Cimento.
Aquele mestre já não soube seu talento.
Foi um faminto a quem nenhum cabedal se destinava.
Agora adivinha o passo seguinte
(da estrada).
Um passo!
E já me basta.
quinta-feira, 6 de janeiro de 2022
UMA VEZ MAIS
Muda-se tudo o que não se muda de plano.
Ou até mudar-se.
O plano era mesmo esse.
(era de esperar-se).
Muda o mudo
e o que precisa falar-se.
Muda-se muito
do muito falhar-se.
Do já não se achar
que o mundo que se emendasse.
Ou que a culpa segue sendo dos outros.
Do já não se pensar em círculos,
ao ponto de ficar louco.
O que é bom é circular.
Outros tempos pra viver.
(não pra só esperar).
Tudo bem
visto
pensado
vivido
Melhorado.
Os anos me ultrapassam
sem deixar-me pra trás.
Os anos me jogam ao alto
(nada é tão fugaz)
E não é vão.
Viver não fica.
Viver é impulsão.
A evolução é lei.
Já vou trabalhar agora.
Pra depois trabalhar
outra vez!
terça-feira, 4 de janeiro de 2022
OVER(ALL)
Sonhava.
Nada era como o cinema ditava.
Nada ali se ostentava.
Nem se podia reproduzir.
Oníricos só a sala escura,
e uma certa aparência de fumaça.
Espécie de inconsciência
que assim se projetava.
Queria nada disso.
(nem daquilo)
Escapava-se,
espantadiço.
Queria apenas um sono sem sonhos
em que o mundo se supendesse.
Em que tudo deixasse de acontecer
(ou pelo menos não percebesse).
A vantagem grande de um vácuo
em que nem se envelhecesse.
Em que nem o mais belo violino se atrevesse.
Nem passarinhos.
(Nenhum deleite).
O avesso de tudo o que se aproveite.
Tanto faz se antecâmara do prólogo,
se contracapa em tapa ao epílogo.
Só o que quero estar...
é tranquilo!