quarta-feira, 8 de março de 2023

SINAPSE

Você me bateu, e não sei se me bateu pr'eu gostar. Tapa surdo, pro meu grito mudo, que não sabe se é pra gritar. 

Acho que te conheci pra saber o que não posso, que escrever não é o meu negócio (porque meu meu negócio não é sofrer.)

Às cifras da canção tenho acesso desde 94 e nada soa, porque ainda não sei tocar. Não que isso me torne estúpido, o cifrado não se destina ao mundo, que um pouco só premia quem sabe decifrar. Quem sabe cantar, quem tange a lira.

O delírio,  não.  O delírio só se aplaude impercebido, o delírio clandestino (quem o aplaude, então?).

Os amigos imaginários, do banquete como inventado. Eu os prefiro à gigantesca família castrada, cada um manejando sua convenção.

Conforme, parece tudo tão complicado, mais amplexo que um abraço e, indecente, é mais ósculo que um beijo seu.

A luz natural só dura o dia, e na escuridão se abriga, em desaparição. Mas, você sabe: para tudo tem um jeito; interruptor, lâmpada, dedo, e prestar muita atenção. 


Recife, 8/3/23

Nenhum comentário:

Postar um comentário