quarta-feira, 30 de abril de 2014

FLORESTA, FLORESTINHA (CRIANÇA 3)

Para Lelê e Danilinho


Floresta, Florestinha,
conta só pra mim:
o que deve ter um bicho
pra morar em ti?

A juba do leão 
é uma coisa divertida!
E também tenho macacos, 
coçando suas barrigas!

A tromba do elefante 
rouba água à fonte,
e a águia ou o falcão 
vão riscar o  horizonte!

Naquele outro canto 
o gambá está sozinho
porque ninguém aguenta mais 
sentir o seu cheirinho!

À girafa, bem comprida, 
todos pedem uns favores,
porque lá de cima vê 
se já vêm os caçadores!

O jacaré aparece 
se ninguém o espera,
e nessa hora "medo!",  
ninguém finca o pé na terra!

O esquilo não é esquisito, 
é o maior barato,
juntando muitas nozes, 
ou jogando seu baralho.

Da cobra ninguém gosta, 
bicho rastejante,
que vai comer o rato, 
que faz medo ao elefante!

Floresta, Florestinha,
conta só pra mim:
O que deve ter um bicho 
pra morar em ti?

Pode ser bicho da selva,
e pode bicho da cidade!
E aceito até menino
com a sua idade!

sábado, 26 de abril de 2014

SAPIM (CRIANÇA 2)

Sapo, sapinho, 
da lagoa azul!
Nunca lhe disseram,
mas você é tu!

Sapo, sapinho, 
coaxando feliz!
Onde não há lagoa
há um chafariz!

Sapo, sapinho,
e tudo nos contenta:
cheirinho de café
e ardidinho de pimenta!

segunda-feira, 14 de abril de 2014

FUGERE URBEN!

Fugere Urben!, 
me dizem e eu pasmo!
Que mania mais verde
a de se meter no mato!

No mato não há 
(delícia!) notícias,
mas tampouco há fatos.

E a cidade?!

Ah! A cidade é tão bonita,
com sua gente aflita,
experimentando a contramão!

Então digo que sou citadino,
não é outro o meu destino.
Matutos, rogai por  nós!

quinta-feira, 10 de abril de 2014

NEFELIBATA

Sou feliz nas horas vagas,
quando me distraio de ser sofredor.
Estranho, penoso talento,
foi o Senhor me impor!

Tanta gente se distrai
com as coisas mais vagas,
que não vejo o menor sentido
em não ser eu feliz com as parvas!

Então peço humilde ao Senhor
que, numa próxima edição,
não me faça um nefelibata,
mas um sincero e alegre tolo,
que se distraia com qualquer algazarra!

quinta-feira, 3 de abril de 2014

FUGA

Foge-me a inspiração,
longe, longe!
Foge-me e outra-me,
para um lugar que não sei onde.
Foge-me e outra-me,
e deixa-me mesmo sem nome...

Foge-me a inspiração,
e me dizia uma velho tolo:
"não era mesmo coisa de homem!"

Foge-me a inspiração,
foge ao horizonte!
Foge-me a inspiração,
fuja antes que a retome!