O mundo às vezes parece querer empurrar-me de volta ao útero. Mas já não há útero à disposição. Então penso em apenas voltar uma estação ou duas.
Mas não posso trocar de lado com este bilhete. Então sento, abro um livro, e procuro extrair o que consigo.
Deixo passar um trem ou dois. Temo a baldeação de depois e invejo a estupidez desse fumante, que acha que consome algo, enquanto a estupidez o consome.
Atira, maneiroso, esse resto que é de si próprio. Até afeta propósito, enquanto cai à sarjeta. Depois verá a inundação da rua meneando a cabeça e culpando a prefeitura.
Mas já me distraí mais do que a cena vale. Guardei algo do livro pra mais tarde. Depois de retomar o vagão. Este lugar aconchegante em que não se fuma, nem cigarro, nem espuma, e só há nuvens de preocupação.
(Tanta cara compungida à cata de explicação).
Ninguém vai achar. Parado o trem é preciso caminhar, ou depressa ou devagar, mas a rua novamente se ganha.
Mais uns passos e já não é tão estranha. Acerto o passo e já até tenho ritmo. Mais até do que acredito. Vou agendar aquela aula de dança.
Recife, 14/3/23
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