Minas jamais será um quadro na parede. Quanto mais me afasto, mais o vejo. É fato, como o sair da ilha de Saramago.
Minas, que não tem mar, mas tem rio pra todo lado. Rios que eu sequer frequento, mas são fonte de vida e morada do mistério.
Por isso Minas nunca acaba de se entender. Nem com o auxílio compendioso de Rosa, nem se desdobrando Drummond como uma sanfona de trocentos baixos.
Nem com tudo que se entoe por sobre a viola caipira. Em Minas eu não toco campainha. A chave não é emprestada e é molho.
Em Minas eu até me sobro, mas como marca do conforto. Em Minas sou filósofo (e o tempo então nunca está morto).
Minas é o porta-aviões. Dispensa canhões, e é o céu que eu navego. Sol, se feliz. Lua, se circunspecto.
Minas, bem mais que afetos. Minas-sina, Minas-teto. Em Minas minhas, em vias aberto.
Gilberto Freyre (Guararapes), 17/3/23
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