segunda-feira, 2 de janeiro de 2023

RECENTE

E o mundo nasceu,
para meu grande espanto,
que já pensava que pudesse haver em lugar nenhum.

E isso não seria inexistir,
mas sobreviver à extinção dos mundos prévios,
que eles não me interessam, 
na sua esterilidade ontológica.

Mas o meu preconceito atesta minha ignorância
(como todo preconceito atesta ignorância);
aqueles mundos são poeira cósmica,
a matéria prima dos vindouros
(como nós neste, ao nos decompormos).

Superar a ignorância talvez fosse bom,
mas eu, pobre de espírito,
só aspiro voltar ao colégio para gozar férias escolares.

As únicas que se dão a quem tem o mundo a seus pés,
sementes de tudo.
Cientistas, atletas e poetas do futuro.

Eu não ouso falar em futuro.
Desdenho regras de previdência.
O pé-depois-pé é toda a minha ciência.

Eu sinto, não sei descrevê-la.
Eu sinto!
Ei-la inteira.

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