Quando se envelhece os amigos
se eternizam e eterizam.
Já a meios do processo temos mais amigos históricos
do que propriamente amigos com que contar.
É retumbante aquela consideração,
já com notas de saudade respeitosamente distante,
como se já estivéssemos mortos.
E de fato estamos.
Estamos milhares de vezes mortos.
Cada escolha que fazemos nos mata
para todas as de que prescindimos.
Ninguém tem tanta vida
Ninguém tem tanto corpo
Ninguém tem tanto tempo
Para tantos amigos.
Sequer paredes na memória para lembranças que doam mais.
Já nos debilitamos.
Já não se é capaz.
Ninguém já aguentaria ser decepcionado,
aviltado, ferido.
Mas há muito o que lembrar.
Muito o que elaborar.
Muito que fazer com isso.
(Quem souber dourar a pílula que escreva o livro.)
domingo, 22 de janeiro de 2023
LIMBO
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