Minha companheira foi a Música.
Nunca me desentendeu.
Nunca me desenganou.
Nunca desertou.
Segredou-me o que eu nem podia entender.
Foi-me fazendo entendedor.
Inspirou-me alegrias e consolou muita dor.
Doou-se sem exigir em troca.
Eu nunca nada pude fazer por ela,
à míngua de talento.
Mas divulguei sua palavra como poucos neste reino.
Apenas menos que os pássaros,
os poetas,
os menestréis,
as cantoras,
e os apaixonados (enquanto tais).
Nunca, Música, um amor foi mais conhecido
do que o meu por ti.
Nem Páris por Helena.
Nem Dirceu por Marília.
Nem Romeu por Julieta.
A nossa é relação de que tudo se aproveita.
"É", porque eu partindo não nos apartamos.
Há música em todas as esferas,
música para todos os planos.
Ó, Deus, meu Pai!
Da próxima vez, com o gosto,
dá-me o talento,
a missão,
essa estrada.
Te peço de todo o coração
(e não te peço mais nada!)
terça-feira, 24 de janeiro de 2023
EPITÁFIO
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